A Caverna platônica e o mundo da Ignorância

O autor do livro O mundo de Sofia (Jostein Gaarder), eis aí mais uma indicação de leitura obrigatória para futuros aprendizes a filósofos, afirma que o mundo, que a realidade na qual vivemos, é como se fosse um grande coelho tirado de uma cartola num show de mágica, e que nós, habitantes desta realidade, somos as pulgas deste coelho. Mas o que realmente ocorre, é a total ausência de consciência delas para a realidade em que vivem, pois não sabem que estão num coelho, muito menos ainda que fazem parte de um grande show. Para a maioria dessas pessoas, representadas aqui pelas pulgas, é muito mais cômodo ficar escondido no meio dos pelos do coelho só se alimentando, sem conhecer exatamente a sua própria morada. Afinal, lembrando do que já foi dito, essas pulgas só estão preocupadas em sobreviver. No entanto, algumas não se satisfazem com a vida de pulga e sobem até a ponta dos pelos do coelho para verem o que está acontecendo. Ao fazerem isso se dão conta de que a realidade é muito maior e mais bela do que o calor do interior do coelho. Estas pulgas que sobem até a ponta dos pelos representam os filósofos, exatamente como aqueles que conseguem se livrar dos grilhões no interior da caverna, como outrora Platão nos afirmara no livro VII da República. Eles tentam descer para avisar aos outros, mas quase ninguém lhes dá ouvido, pois preferem viver apenas aquilo que conseguem enxergar, e não o que de fato é a realidade (aqui representada pelo show de mágicas). Em suma, a imagem da caverna, o show de mágicas, como representatividade metafórica, de fato caracterizam, por assim dizer, o mundo da ignorância, ou seja, do comodismo e do anti desenvolvimento intelectual, muitas vezes imposto por uma sociedade repressiva que não preza o desenvolvimento do homem como ser humano.