To be or not to be, that`s the question

"Ser ou não ser, eis a questão (...)", com que outra frase, expressão ou palavras Shakespeare poderia expressar o mais nobre e ambíguo sentimento da existência humana? Aliás, com qual tipo de fardo encontra-se o homem na sua mais ínfima e minúscula condição existencial? Estamos sempre diante de duas condições necessárias que determinam a vida do homem, embora ambas sejam de caráter inteiramente subjetivo, ou seja, daquela que determina de um lado a existência do sofrimento humano, e de outro, representado pela busca da felicidade incondicional do homem, como sujeito não somente racional, mas também de tipo inteiramente passional. Parece-nos, entretanto, pelo menos no sentido especulativo da reflexão, que até mesmo entre as mais nobres escolhas que efetuamos na vida cotidiana, estaremos necessariamente sujeito a algum tipo de sofrimento, esgotamento ou cansaço, por mais imperceptível que elas, às vezes, nos pareçam ser.  Lutamos sempre pela busca do prazer, mas não somente aquele de tipo empírico que nos satisfaz biologicamente, mas também do prazer moral, como condição necessária no alcance supremo da felicidade. No entanto, ela como tal, não é meramente uma condição metafísica, um ideal eterno e imutável da condição humana, porém, uma satisfação momentânea que deve constantemente ser construída e buscada pelo homem. Talvez este seja o sentido metafórico e shakespeariano da expressão referida, pois mesmo que Hamlet tenha arquitetado com maestria a sua vingança contra o tio, que assassinara o pai e tomara o trono casando-se com a sua mãe, mesmo assim, depois de ter alcançado e satisfeito o seu objetivo, e também tirado de si todo o sofrimento que o estava corrompendo, não só causou a sua própria morte como também, embora de maneira não intencional, a morte de Ofélia, sua grande e eterna amada. Portanto, mesmo almejando o prazer, o caminho que construímos em busca da felicidade nem sempre é repleto de flores. Muitos de fato, tentam solucionar essa incógnita, ou pelo menos se colocar na seguinte condição: pensar ou não pensar(...), refletir ou não refletir(...), estudar ou não estudar? Seja qual for o caminho escolhido, a essência miserável do homem sempre será a mesma, pois não conseguiríamos extirpar de maneira alguma o sofrimento. Enfim, basta aceitarmos este fardo, mas desde que seja pela busca do melhor, afinal, ser ou não ser, eis a questão(...)!! Segue logo abaixo uma pequena gota do discurso filosófico shakespeariano pela boca de Hamlet, príncipe da Dinamarca, porém, apenas para espíritos nobres: 




Rodrigo Andia Araújo

"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre




Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios(...)"

William Shakespeare

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